A Providência Inquebrantável de Deus

Por: Reginaldo Cresencio
INTRODUÇÃO
Amados irmãos, o livro de Atos começa em Jerusalém, com a promessa de Cristo: "Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas..." (Atos 1:8). E ele termina em Roma, o coração do império, mostrando que essa promessa se cumpriu. O evangelho que nasceu em um pequeno grupo de discípulos em Jerusalém agora alcança a maior cidade do mundo antigo.
Mas o que chama atenção é a forma como isso acontece. Paulo chega a Roma não como herói, mas como prisioneiro. Ele não pisa na cidade com honras, mas algemado. E ainda assim, o texto termina dizendo que ele pregava o Reino de Deus "com toda intrepidez e sem impedimento algum" (Atos 28:31). Que paradoxo! Paulo preso, mas a Palavra livre. O apóstolo algemado, mas o evangelho sem correntes.
Este capítulo não é um simples epílogo; é o selo da fidelidade divina. Ele nos mostra que, apesar das tempestades, das serpentes, das prisões e da rejeição, o plano de Deus não pode ser frustrado. Como disse Martyn Lloyd-Jones: "A maior necessidade da igreja não é escapar das dificuldades, mas enxergar que Deus reina sobre todas elas."
· A Providência de Deus nas Circunstâncias Inesperadas (vv. 1–10)
Depois do naufrágio, os sobreviventes chegam à ilha de Malta. Para os olhos humanos, aquilo foi acaso; para Deus, foi providência. O que parecia o fim da linha era, na verdade, uma nova oportunidade missionária.
Os nativos, que não conheciam o Senhor, acenderam um fogo para aquecê-los. Vemos aqui a graça comum de Deus, que faz até pagãos praticarem atos de bondade. Quando Paulo foi picado por uma víbora, todos esperavam que ele morresse, mas nada lhe aconteceu. O que Deus estava mostrando? Que o servo de Cristo é imortal até que sua obra termine. Spurgeon disse: "O homem de Deus é imortal até que sua missão esteja cumprida."
Mais tarde, o pai de Públio, principal da ilha, estava doente, e Paulo orou por ele, e o curou. Logo, muitos outros doentes vieram e foram curados. O que parecia tragédia tornou-se plataforma missionária.
Queridos, quantas vezes também somos lançados em nossas "ilhas de Malta"! Um diagnóstico inesperado, uma perda dolorosa, uma mudança que não planejamos. A tendência é achar que estamos ali por acaso. Mas não há acasos na vida do cristão. Cada naufrágio é uma oportunidade para a glória de Deus se manifestar. As ilhas que não planejamos são os palcos onde Deus revela Sua providência.
· A Fidelidade de Deus no Cumprimento das Promessas (vv. 11–16)
Em Atos 23:11, no meio da prisão, o Senhor disse a Paulo: "É necessário que você testemunhe também em Roma." Humanamente impossível. Ele enfrentaria conspirações, naufrágios, guardas romanos. Mas quando Deus promete, Ele cumpre.
Paulo chega a Roma. Não por acaso, mas pela mão de Deus que conduz Sua história. Roma não era apenas um destino geográfico; era estratégico. Era o coração do império, e de lá o evangelho ecoaria para o mundo inteiro.
Pense em um trem atravessando um túnel escuro. Os passageiros não veem nada, mas confiam que o maquinista continua guiando o trem. Assim também é com as promessas de Deus. Talvez hoje você esteja em um túnel escuro. Não vê nada, não entende nada. Mas confie: o Senhor não perdeu o controle. O barco pode até se despedaçar, mas a promessa de Deus jamais se quebra.
· A Soberania de Deus no Avanço do Evangelho (vv. 17–31)
Paulo não chega a Roma em liberdade, mas em cadeias. Mesmo assim, não se cala. Convoca os judeus, expõe as Escrituras, anuncia o Reino de Deus. Alguns creem, outros rejeitam. Mas Paulo segue firme, pois sua confiança não está na aceitação humana, mas na eficácia da Palavra de Deus.
O livro termina de maneira surpreendente: Paulo pregava o Reino de Deus com intrepidez e sem impedimento algum. Parece contraditório: ele estava impedido por correntes, mas o evangelho não estava. O que Lucas está mostrando é que a Palavra de Deus jamais será algemada.
Lutero, diante da Dieta de Worms, declarou: "Minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Aqui estou, não posso fazer outra coisa." Assim também Paulo, mesmo prisioneiro, estava livre para pregar a Cristo.
Irmãos, o evangelho não precisa de circunstâncias favoráveis para prosperar. Ele floresce em prisões, em perseguições, em ambientes hostis. Nosso desafio não é esperar condições ideais, mas proclamar com ousadia.
Conclusão
Atos 28 nos ensina três verdades:
Primeiro: Deus transforma naufrágios em missões.
Segundo: Deus cumpre Suas promessas em meio às tempestades.
Terceiro: Deus faz o evangelho avançar mesmo em prisões.
Atos não termina com um ponto final, mas com uma vírgula. A história continua. O evangelho chegou a Roma, chegou ao Brasil, chegou até você. Agora cabe a nós sermos as próximas páginas dessa história.
Queridos, talvez hoje você esteja em sua Malta, enfrentando um túnel escuro ou sentindo correntes pesadas em sua vida. Mas lembre-se: o mesmo Deus que guiou Paulo guia você.
- Se você está em uma ilha inesperada, veja ali uma oportunidade de testemunho.
- Se você está em um túnel, confie que o maquinista sabe o caminho.
- Se você está algemado, lembre-se: o evangelho não pode ser acorrentado.
O evangelho é imparável porque o Deus da providência é invencível.
Amém.