Fazei isto em memória de mim!

Por: Pr. Reginaldo Cresencio
Irmãos amados, poucos momentos são tão sagrados na vida da igreja quanto aquele em que nos assentamos à mesa do Senhor para participar da Ceia. Contudo, é possível que com o tempo, e por força da repetição, sejamos tentados a tratar esse momento com frieza, ou mesmo a negligenciá-lo. O nosso Senhor, no entanto, instituiu esta ordenança com profunda intenção, autoridade e amor. A Ceia não é um ritual vazio, mas uma expressão viva da fé, da comunhão e da esperança cristã. Hoje quero convidá-los a refletir sobre o que significa "fazer isto em memória de mim". O Senhor nos dá uma mesa, não um altar, porque o sacrifício já foi consumado. E ao nos dar essa mesa, Ele nos chama a olhar para três direções essenciais: para trás, em memória; para o lado, em comunhão; e para frente, em esperança.
I. Olhando para trás:
A Ceia como Memorial da Cruz
"Fazei isto em memória de mim." (Lc 22.19)
A Ceia é, primeiramente, um memorial redentor. Não se trata de uma simples lembrança sentimental, mas de uma recordação ativa e reverente da morte substitutiva de Cristo. Quando Jesus instituiu a Ceia na noite em que foi traído, Ele a vinculou diretamente à Sua morte iminente. O pão partido representa Seu corpo entregue; o cálice, o sangue derramado — ambos em favor dos Seus.
Paulo reforça isso em 1 Coríntios 11.26:
"Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que venha."
A Ceia é, portanto, uma pregação silenciosa da cruz. Cada vez que nos assentamos à mesa, somos chamados a lembrar com fé que fomos resgatados por um preço altíssimo. Não há Ceia sem cruz, não há comunhão sem expiação.
Irmãos, nossa geração precisa ser constantemente lembrada da centralidade da cruz. Vivemos dias de superficialidade espiritual, onde muitos buscam experiências emocionais sem arrependimento real. A Ceia nos chama à sobriedade e à gratidão. Participar dela sem consciência da cruz é torná-la vazia. Você tem lembrado com reverência do preço da sua salvação?
II. Olhando para os lados:
A Ceia como Comunhão com Cristo e com a Igreja
"Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão." (1Co 10.17)
A Ceia também é comunhão. Não é um ato individualista, mas comunitário. Não é algo que fazemos sozinhos em casa, mas na assembleia dos santos. Ao comer o pão e beber o cálice, confessamos publicamente que pertencemos a Cristo e aos irmãos em Cristo.
Paulo repreendeu os coríntios por participarem da Ceia com divisões e facções. A Ceia exige unidade e reconciliação. Não se pode participar dignamente da mesa do Senhor nutrindo ódio, inveja, mágoa ou divisão contra um irmão.
Antes de participarmos, somos chamados ao exame (1Co 11.28). Isso não é para nos afastar da Ceia, mas para nos preparar dignamente. Há irmãos aqui com o coração amargurado? Há pecados não confessados? Reconciliemo-nos! Porque a Ceia é o lugar da graça reconciliadora. Não existe Ceia sem reconciliação.
III. Olhando para frente:
A Ceia como Esperança da Volta de Cristo
"Anunciais a morte do Senhor até que venha." (1Co 11.26)
A Ceia aponta também para o futuro glorioso. Não é apenas um olhar melancólico para o Calvário, mas um olhar cheio de expectativa para a vinda do Rei. A Ceia é um anúncio constante: "Ele morreu, ressuscitou, e voltará!"
Jesus mesmo declarou:
"Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira até aquele dia em que o beba, novo, no reino de Deus." (Mc 14.25)
Na Ceia, antecipamos a grande Ceia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.9). Estamos sendo preparados para aquele banquete eterno, onde não haverá mais dor, nem lágrima, nem pecado.
Você ainda anseia pela volta do Senhor? Ou tem se acomodado neste mundo? Participar da Ceia sem desejar a volta de Cristo é participar sem esperança. Não existe Ceia sem expectativa escatológica. A Ceia nos ensina a viver como peregrinos.
IV. A Seriedade da Ceia:
Exame e Santidade
"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice." (1Co 11.28)
Paulo nos adverte sobre o perigo de participar da Ceia indignamente. Isso não significa estar "perfeito", mas estar em quebrantamento, fé e sinceridade diante do Senhor. Quem despreza a Ceia despreza a cruz. Quem se abstém dela sem razão demonstra frieza e negligência espiritual.
A ausência injustificada da Ceia é pecado de omissão. Assim como não faltaríamos ao culto por capricho, não podemos desprezar a mesa do Senhor sem graves implicações. O Senhor Jesus ordenou: "Fazei isto...". Não é uma sugestão, mas um mandamento.
Conclusão
A Ceia do Senhor é uma bênção imensurável e um chamado santo. É memorial, comunhão e esperança. É cruz, corpo e reino. E é mandamento do nosso Senhor, que nos ama e nos resgatou com Seu sangue.
Portanto, irmãos:
- Participem com reverência e alegria;
- Reconciliem-se com seus irmãos antes de vir à mesa;
- Anunciem a morte do Senhor com fé e esperança;
- E jamais tratem com indiferença aquilo que o próprio Cristo ordenou.
Preparemos nossos corações com oração, confissão e expectativa. E, agora, venham todos os que são do Senhor à mesa do Senhor, porque aqui está Cristo — invisivelmente presente entre nós, nutrindo nossa fé e nos lembrando que Ele é o Pão da Vida.
"Fazei isto em memória de mim."
Soli Deo Gloria.