Identidade: Aceitando seus limites

14/08/2025

Por: Tatiane de Souza Vales 

Estudo ministrado no Café Teológico na Igreja Batista Raízes, São Carlos - SP, em 14 de Agosto de 2025. 

Falar sobre o uso da tecnologia é algo importante visto que no Brasil existe cerca de 144 milhões de usuários ativos nas redes sociais, de acordo com uma pesquisa da Consumer Pulse. O tempo médio online é de mais de 9 horas por dia, sendo mais de 3 horas dedicadas às redes sociais. O que ultrapassa em muito o que é considerado ideal. O ideal, segundo especialistas, seria: 

- Menores de 2 anos: nenhum contato com telas ou videogames. 

- Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia. (com supervisão) 

- Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia. (com supervisão) 

- Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia. 

O nosso propósito neste estudo é entender quem nós somos diante de Deus, criados com Imago Dei, e como essa identidade deve moldar o nosso uso das redes sociais. Vamos pensar não apenas no que as redes sociais podem fazer conosco, mas também no que podemos fazer com elas, para que possamos ser sal e luz nessa era tão desafiadora. 

1 Introdução 

Para começar o estudo de hoje, quero fazer duas perguntas para vocês refletirem: 

"Quantas redes sociais você tem"? 

"Quanto tempo você passa nas redes sociais"? 

Nós vivemos dias em que essas perguntas fazem todo sentido porque as redes sociais fazem parte do nosso dia a dia – para o bem e para o mal. 

Entre alguns impactos negativos nós podemos destacar: 

Ansiedade e depressão: 

O Panorama da Saúde Mental de 2024 indicou que 45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos estão relacionados ao uso excessivo de redes sociais. Isolamento social: 

O uso excessivo de redes sociais pode levar ao isolamento social no mundo real, pois as pessoas podem substituir interações presenciais por conexões virtuais. 

Distúrbios do sono: 

O uso de telas antes de dormir pode prejudicar a qualidade do sono devido à luz azul emitida pelos dispositivos, que acabam interferindo na produção de melatonina. 

Cyberbullying: 

O cyberbullying, um problema sério que afeta muitas pessoas, especialmente crianças e adolescentes. 

Procrastinação e perda de foco: 

As redes sociais são projetadas para serem viciantes, para prender as pessoas nas telas, o que pode levar à procrastinação e a perda de foco no trabalho ou nos estudos. 

Mas as redes também tem impactos positivos: 

Conexão e informação: 

As redes sociais podem conectar pessoas e fornecer acesso a informações importantes. 

Apoio e comunidade: 

As redes sociais podem criar espaços de apoio e comunidade para pessoas que compartilham experiências semelhantes. 

Divulgação de Informações sobre saúde: 

Profissionais de saúde podem usar as redes sociais para divulgar informações relevantes e promover a conscientização sobre saúde pública. 

As redes sociais influenciam nossos pensamentos, sentimentos, relacionamentos e até mesmo a nossa identidade. 

Mas será que temos consciência do impacto que esse tempo online tem em quem realmente somos diante de Deus? Hoje, vamos mergulhar nessa reflexão para descobrir como nossa verdadeira identidade, criada à imagem de Deus, deve moldar a forma como usamos essas ferramentas. 

Nós estamos em um mundo hiperconectado, onde as fronteiras entre o físico e o digital estão cada vez mais confusas. Redes sociais, aplicativos e dispositivos móveis nos permitem estar "presentes" em vários lugares ao mesmo tempo — ou pelo menos nos dão essa impressão. 

A autora Jen Wilkin nos lembra que, por trás da forma como usamos a tecnologia, existem questões profundas sobre identidade e limites. 

No Éden, Adão e Eva já refletiam perfeitamente a imagem de Deus, mas foram seduzidos pela promessa de "ser como Deus" como nós vemos em Gênesis 3:5: 

⁵ Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. 

Essa é a mesma tentação que hoje nos ronda: buscar atributos que pertencem apenas ao Criador, como a onisciência, a onipresença e a imutabilidade. 

A Bíblia afirma que fomos feitos à imagem de Deus, mas como criaturas finitas e dependentes Dele. O Salmo 100:3 diz: 

³ Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio. Aceitar nossos limites não é fraqueza — é sabedoria. Salmo 111:10 - "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria". Quando sabemos quem Deus é e quem nós somos, conseguimos viver com liberdade e propósito, sem cair na armadilha de rivalizar com Ele. David Mathis, em Hábitos Espirituais, reforça que essa sabedoria se cultiva por meio de disciplinas espirituais como leitura da Palavra, oração e comunhão. Esses hábitos nos ajudam a 4 nos fimarmos em nossa verdadeira identidade em Cristo e nos ajudam a lidar com as pressões e ilusões que o mundo moderno impõe — inclusive as que surgem no ambiente digital. Neste estudo, veremos como aceitar nossos limites nos protege de distorções de identidade e nos capacita a usar a tecnologia de maneira que reflita o caráter de Deus, e não que alimente um desejo de sermos como Ele em atributos que não nos pertencem. 

2 Criados para refletir, não para competir com Deus 

Desde o início da criação, Deus nos fez à Sua imagem e semelhança, nós vemos isso em Gênesis 1:26-27. ²⁶ Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. ²⁷ Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Isso significa que fomos criados para refletir Seu caráter, Suas virtudes e Seu amor no mundo. Essa é a essência de nossa identidade. Mas em Gênesis 3, a serpente introduz uma distorção: "...sereis como Deus" (no versículo 5). O problema não era que Adão e Eva desejassem refletir a Deus — isso já era parte do plano. A tentação estava em ultrapassar os limites da criação e buscar ser como Deus em atributos que pertencem exclusivamente a Ele. O mesmo dilema se repete hoje, especialmente nas redes sociais. O desejo de controlar a narrativa sobre quem somos, de estar em todos os lugares ao mesmo tempo e de saber tudo o que acontece é, muitas vezes, um reflexo da antiga tentação de rivalizar com Deus. Em vez de aceitar nossa identidade como portadores de Sua imagem, caímos na armadilha de tentar assumir o Seu lugar. E esse perigo é muito sutil. Nas redes sociais, por exemplo, podemos cultivar uma imagem pública cuidadosamente moldada, como se fosse possível manter uma perfeição inalterável. Perfeição em tudo. - Vida perfeita. (apenas fotos e vídeos em lugares bonitos). 5 - Aparência perfeita. ( mesmo que seja necessário usar filtros em fotos e vídeos). Mas isso é uma busca por imutabilidade, algo que só Deus possui. Vamos ler Malaquias 3:6 e Tiago 1:17: ⁶ Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Tiago 1:17 ¹⁷ Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Podemos também sentir a necessidade de acompanhar tudo o que acontece no mundo, buscando uma forma de onisciência que só Deus tem conforme Hebreus 4:13: ¹³ E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas. Ou ainda, tentar estar em todos os lugares e em todas as conversas, como se pudéssemos ser onipresentes — outro atributo exclusivo de Deus salmo 139:7-10: ⁷ Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? ⁸ Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. ⁹ Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ¹⁰ Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. David Mathis lembra que hábitos espirituais como meditar na Palavra e orar diariamente nos ajudam a manter a perspectiva correta sobre quem Deus é, e quem nós somos. Quando cultivamos a disciplina de ouvir a voz de Deus, entendemos melhor os limites que Ele estabeleceu para nós — e aprendemos a vê-los como bênção, não como prisão. O temor do Senhor, base da verdadeira sabedoria, nos leva a refletir Deus, não a competir com Ele. Salmo 111:10: ¹⁰ O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre. 6 Aplicar isso significa perguntar: "Minha vida — online e off-line — aponta para Deus ou para mim mesmo?" Aceitar que somos criaturas limitadas nos liberta da pressão de ser tudo para todos e nos ajuda a descansar no fato de que só Deus é suficiente para o mundo. Reconhecer isso é viver em adoração, humildade e liberdade, usando até mesmo as redes sociais como ferramenta para exaltar o Criador, não para construir um trono próprio. 

3 Mutabilidade humana: a sabedoria de aceitar nossa natureza em transformação 

Uma das grandes diferenças entre Deus e nós é a imutabilidade divina versus a mutabilidade humana. Hebreus 13:8 diz: ⁸ Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. Ele não muda, não é influenciado por opiniões nem pelos humores do momento. Em contrapartida, a Escritura reconhece que nós somos mutáveis, maleáveis e em processo constante de transformação. 2 Coríntios 3:18. ¹⁸ Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. Isso é parte fundamental de nossa identidade como criaturas feitas à imagem de um Deus vivo e dinâmico, que nos molda conforme a semelhança de Cristo. Jen Wilkin destaca que as redes sociais expõem essa característica humana de forma intensa. Somos influenciados pelo que lemos, vemos e ouvimos, para o bem ou para o mal. Muitas vezes, sem perceber, nossa mente, as nossas emoções, e até mesmo comportamentos se ajustam ao conteúdo que consumimos. Como ela diz, "nós nos tornamos aquilo que vemos". Essa capacidade de mudança não é um erro, mas um design intencional, que nos permite aprender, crescer e nos adaptar. Por outro lado, essa maleabilidade nos torna vulneráveis a influências prejudiciais. No ambiente das redes sociais, onde tantas vozes competem por atenção e validam padrões distorcidos, corremos o risco de sermos "remoldados" de forma negativa — em ansiedade, comparação, orgulho ou amargura. 7 O desafio é que, diferentemente de Deus, que permanece firme e justo, nós podemos nos deixar levar pela opinião pública e pelos modismos momentâneos. (Efésios 4:14). ¹⁴ Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. David Mathis, em Hábitos Espirituais, ressalta a importância da disciplina e do cultivo da sabedoria para resistirmos a essas influências negativas. Ele enfatiza que a verdadeira transformação acontece quando nos submetemos diariamente à Palavra de Deus e ao Espírito Santo, que nos guia para a verdade (João 16:13). O fruto dessa submissão é uma identidade enraizada em Cristo, que não muda conforme as circunstâncias, mas cresce em maturidade e graça (Gálatas 5:22-23). ²² Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, ²³ mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Aceitar essa nossa condição de mutabilidade implica também reconhecer a importância de filtrar as influências às quais nos expomos, especialmente nas redes sociais. Podemos aplicar princípios bíblicos como: - Guardar nosso coração (Provérbios 4:23): ²³ Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. - Escolher o que alimenta a mente (Filipenses 4:8): ⁸ Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. - Buscar comunhão com irmãos que edificam (Hebreus 10:24-25): ²⁴ E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. ²⁵ Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia. 8 É uma forma prática de afirmar que, apesar de sermos mutáveis, queremos ser moldados pelo Senhor, e não pelo mundo. Além disso, essa perspectiva traz paz. Aceitar que não somos imutáveis nos liberta da pressão de sermos perfeitos ou constantes o tempo todo. Podemos reconhecer falhas, pedir perdão e buscar crescimento contínuo, confiando na graça de Deus para nos aperfeiçoar. Assim, a mutabilidade se torna um convite à humildade e à esperança, e não motivo de desânimo. A sabedoria começa no temor do Senhor, que nos dá prudência para reconhecer quem somos e quem Ele é. Quando nossa identidade está ancorada nessa verdade, usamos as redes sociais não para tentar ser algo que não somos, mas para glorificar a Deus, compartilhando vida real, amor e encorajamento, mesmo em meio a nossas imperfeições. 

4 O poder do testemunho autêntico na era digital 

Na era das redes sociais, onde a imagem muitas vezes prevalece sobre a realidade, o testemunho autêntico emerge como uma força transformadora. Em meio a tantos filtros, edições e postagens que mostram apenas os melhores momentos, compartilhar a vida com sinceridade, como ela realmente é, se torna um ato de coragem e fidelidade ao Evangelho. Jen Wilkin ressalta que a cultura digital pode incentivar o que ela chama de "autoemoldagem", ou seja, a tendência de criarmos versões idealizadas de nós mesmos para agradar ou impressionar os outros. Uma tentativa de deixar as nossas vidas mais atrativas e interessantes para quem vê as postagens. Isso gera uma desconexão entre o que somos verdadeiramente e o que mostramos. A consequência é um vazio espiritual e emocional, além do risco de incentivar padrões inatingíveis que levam à comparação, ansiedade e até depressão. Nesse contexto, o testemunho autêntico não significa expor cada detalhe da vida para todos, mas ser transparente e honesto com nossas lutas, dúvidas, e vitórias de forma que glorifique a Deus e edifique outros. 9 A Bíblia nos chama a "andar na luz" (1 João 1:7) e a "falar a verdade em amor" (Efésios 4:15). Essa autenticidade é um poderoso testemunho porque mostra que a graça de Deus é suficiente para transformar vidas reais, com todos os seus desafios. A transparência gera confiança e fortalece os laços, enquanto a hipocrisia corrói a fé e afasta as pessoas. Além disso, o testemunho autêntico serve como antídoto contra a cultura do imediatismo e do sucesso instantâneo que permeia as mídias sociais. Mostrar que a caminhada cristã é um processo contínuo, cheio de altos e baixos, ajuda a humanizar a fé e tornar o Evangelho mais acessível e atraente para aqueles que estão em busca de sentido e esperança. Outro aspecto importante é o impacto desse testemunho no próprio testemunho pessoal. Quando vivemos de forma genuína, alinhando palavras e ações, experimentamos liberdade e paz interior. A consciência de que não precisamos esconder as nossas imperfeições diante de Deus nem dos irmãos nos liberta da escravidão da aparência e do medo do julgamento. Nas redes sociais, essa autenticidade pode ser expressa por meio de relatos pessoais, orações compartilhadas, reflexões bíblicas sinceras e até mesmo pedidos de ajuda ou intercessão. Esses gestos revelam uma fé viva, que não tem vergonha de mostrar que depende diariamente da misericórdia e do amor do Pai. O testemunho autêntico tem o potencial de impactar não apenas os que estão próximos, mas também milhares de pessoas desconhecidas. Muitos encontram nas redes sociais sua única conexão com a fé, e um testemunho real pode ser a porta de entrada para uma relação verdadeira com Deus. Um testemunho real. Portanto, o chamado é para que cada cristão, consciente da mutabilidade humana e da pressão das redes sociais, escolha ser luz verdadeira, refletindo a luz de Cristo de forma genuína, humilde e cheia de esperança. 

5 Limitados pelo corpo: a importância da presença real 

Um dos limites mais evidentes que Deus colocou em nós é o físico: temos um corpo e, portanto, só podemos estar em um lugar por vez. Essa realidade, que deveria ser recebida como um presente, muitas vezes é vista como um obstáculo a ser superado. A tecnologia e as 10 redes sociais alimentam essa percepção ao nos dar a sensação de que podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo, participando de inúmeras conversas e relacionamentos simultaneamente. Essa ilusão de "onipresença" pode distorcer nossa identidade e prejudicar nossos relacionamentos. No espaço digital, é fácil sentir que temos acesso ilimitado às pessoas e que elas têm acesso ilimitado a nós. Mas a verdade é que, quanto mais espalhamos nossa atenção em interações superficiais e virtuais, menos presença real e significativa oferecemos às pessoas que Deus colocou ao nosso lado — família, amigos, igreja. Biblicamente, nossa limitação física não é uma falha; é parte do plano perfeito de Deus. Jesus, ao se encarnar, assumiu todas as restrições de um corpo humano (Filipenses 2:6- 8). "Tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana". Ele não pregou em todos os lugares do mundo, não conversou pessoalmente com todas as pessoas, nem se envolveu em todas as causas. Em vez disso, investiu tempo profundo com um grupo limitado de discípulos, ensinando-nos que a presença física e o relacionamento próximo são centrais para o discipulado e para a vida cristã. Essa limitação também nos protege. Se tentássemos manter relacionamentos profundos com todos, acabaríamos exaustos e seríamos superficiais. David Mathis, lembra que a comunhão verdadeira exige tempo, energia e investimento emocional — recursos que só podem ser oferecidos a um número limitado de pessoas. É por isso que a igreja local é tão importante: ela nos dá um contexto real, onde podemos viver o "uns aos outros" das Escrituras (1Tessalonicenses 5:11). O perigo das redes sociais está em confundir conexão com comunhão. Curtir uma foto ou comentar um post não é o mesmo que chorar com quem chora ou se alegrar com quem se alegra. A comunhão bíblica requer presença física, expressões concretas de amor e serviço, e o envolvimento pessoal que as telas não podem substituir. Aceitar que somos limitados pelo corpo significa também sermos intencionais sobre onde colocamos nossa presença. Significa dizer "não" a algumas interações para dizer "sim" a relacionamentos prioritários. 11 Isso pode implicar reduzir tempo online para estar com a família, participar ativamente da igreja, ou simplesmente sentar à mesa com amigos para ouvir e compartilhar a vida, sem ter um celular por perto. Essa escolha é contra a maré da cultura digital, mas é profundamente libertadora. Ao invés de tentar "estar em todos os lugares" e "com todo mundo", escolhemos estar plenamente onde Deus nos colocou agora. E essa presença completa — corpo, mente e coração — comunica valor, amor e fidelidade de maneira que nenhuma mensagem instantânea poderia substituir. Assim, reconhecer e abraçar o limite do corpo é, na verdade, afirmar que nossa identidade está segura em Cristo, não no alcance da nossa presença virtual. Isso nos permite viver de maneira mais profunda, mais próxima e mais fiel ao padrão do próprio Jesus. 

6 Conclusão 

Ao longo deste estudo, fomos convidados a refletir profundamente sobre a natureza das redes sociais e o modo como elas se encaixam na nossa identidade enquanto seres criados à imagem de Deus. Descobrimos que, embora as redes sociais não sejam inerentemente boas ou más, elas são ferramentas poderosas que podem refletir tanto a glória de Deus quanto os perigos da rivalidade com Ele. Por isso, é fundamental que as usemos com sabedoria, sempre fundamentadas no temor do Senhor – que é o verdadeiro princípio da sabedoria. Ao encerrarmos este estudo, o desafio que fica é este: como podemos aplicar esses princípios em nosso dia a dia? Como podemos pedir a Deus, com sinceridade e expectativa, a sabedoria para navegar nesse mundo digital de forma que honre a Ele e edifique nossas vidas e comunidades? Que cada um de nós se lembre de que nossa identidade não está nas curtidas, na quantidade de seguidores ou no tempo que ficamos online, mas sim na imagem de Deus que carregamos. Que essa verdade nos fortaleça para sermos influências positivas e autênticas nas redes sociais, refletindo a graça e a verdade de Cristo em cada interação. 

7 Bibliografia 

• Bíblia Sagrada (Almeida Revista e Atualizada). 12 • MATHIS, David. Hábitos Espirituais. Editora Fiel, 2016. • WILKIN, Jen. Identidade: Aceitando seus Limites.